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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

A paz não está na desordem.

Por José Renato Leal

O que é a paz? A paz, segundo Santo Agostinho, é a tranquilidade da ordem. O que isto significa? Que a paz que vem de Cristo é fruto de um estado de vida em acordo com a Lei de Deus. Quando vivemos fora da Lei de Deus – preferindo a nossa vontade que o Evangelho – qualquer sensação de bem estar que possamos experimentar não é a paz verdadeira, mas é um mero sentimento humano, que rapidamente pode se extinguir ou, pior, terá serventia apenas para esta vida terrena, mas não para a vida eterna.

A paz não está na desordem. Quais são as desordens deste mundo? A liberdade sem Deus, sem Cristo e sem Igreja, que é uma falsa liberdade; o apego às coisas deste mundo e o desinteresse pelas coisas espirituais; a imoralidade em todas as áreas da vida humana; a falta de caridade, não apenas com relação ao auxílio material, mas no trato cotidiano entre as pessoas, mesmo entre nós, irmãos de Fé. É comum termos o nosso próximo como um fardo, um obstáculo, uma coisa qualquer. Nosso olhar para o próximo tem sido indiferente e enviesado.

Quantas oportunidades de paz e união nós perdemos por conta de nossa rabugice ensimesmada, preocupada apenas com o pequeno círculo de nossas amizades e interesses particulares. Abramos o nosso coração. Sem isto, não nos salvaremos. Sejamos como uma cidade fortificada, mas com as portões abertos para a caridade. Sejamos simples, como Cristo foi simples.

Que outras desordens podemos listar? O desprezo pela vida humana nos momentos em que ela mais necessita de proteção: contra a criança que cresce no ventre materno, vemos surgir todos os dias iniciativas particulares e governamentais a favor do aborto.

Vemos também a desvalorização da ideia da Família: homem e mulher, unidos por toda a vida, no amor e na criação dos filhos que Deus lhes enviar. A sociedade modernista na qual vivemos procura meios de facilitar e tornar coisa comum e normal o divórcio e a anticoncepção.

Cristo disse: “O homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher”, conforme está escrito em Marcos 7, 10. Não é possível deixar de reconhecer a validade das claras palavras do Senhor e tentar relativizar o modelo familiar que nós recebemos do Senhor.

Reconheçamos diante de Deus que temos prestado nossa adesão a propostas estranhas à vida cristã ou, ao menos, não temos nos oposto a estas coisas como se requer. Vivemos – e temos ajudado a criá-la, confessemos – numa sociedade que persegue obstinadamente o bem estar e o entretenimento. O Reino de Deus não é bem estar e entretenimento, mas obediência, renúncia, sacrifício, tal como foi a vida de Nosso Senhor.

Que mais podemos dizer sobre nosso tempo? Ah! A criminalidade desenfreada! Ela cresce não apenas em número (56.000 homicídios por ano em nosso país), mas cresce também em torpeza e crueldade. Tais atos, para nossa perplexidade, são praticados muitas vezes por jovens em idade escolar que se encontram destituídos de todo senso de respeito pela vida e que vivem apenas com o objetivo de levar vantagem, nem que isto custe a vida de um pai e mãe de família.

Devemos destacar o avanço do narcotráfico, um dos maiores males do nosso tempo, não apenas pela disseminação do consumo das drogas, mas também por fazer os jovens desistirem do bem, da verdade, da justiça. É inaceitável diante disso que políticos e partidos possam propor tranquilamente a legalização de drogas ilícitas. Que mensagem estaremos passando aos nossos descendentes se aprovarmos estas coisas? Um cego não pode servir de guia. Abramos hoje nossos olhos para deixar um puro legado aos filhos e netos.

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