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sábado, 2 de fevereiro de 2013

Ainda a Liturgia: deixemos que ela faça o seu trabalho.


(Dirigido especialmente aos jovens da PJ de Santos)

Ok, é tanta coisa... o assunto renderia seminários inteiros, de vários dias... Vem à minha lembrança Dom David Picão. Certa vez, no Cefas, ele presidiu uma Missa durante um evento da PJ, eu estava participando. Alguém teve a "feliz" idéia de trocar   as leituras do dia (não me recordo se foi só 1 ou todas) por outras, também bíblicas. Foi o que bastou... parte da homília do bispo foi dedicada a tentar entender porque "raios" tinham tido aquela "feliz" idéia. Nós, jovens, silenciosos como túmulos, olhávamos uns para os outros, rezando para que o Creio chegasse depressa :) . Que Deus acolha a alma de Dom David em sua glória. Mas enfim gente... objetivamente, mas bem objetivamente mesmo: a Santa Missa não é lugar para experimentações. Infelizmente, isso virou quase um esporte nos meios eclesiais. Recentemente, meteram uma carroça de bois na procissão de entrada de uma Missa realizada numa entidade muito conhecida por todos nós. A inconveniência disso é tão evidente que fico dividido entre a preguiça e o constrangimento ao ter que apontar tais fatos. Mas há quem não veja nada demais. Eu fico tentando buscar uma teoria que possa explicar este certo entorpecimento na percepção da realidade, particularmente aquela que diz respeito ao nosso santo culto. É tão óbvio... Nascemos e crescemos dentro deste estado de coisas. Alguns lá atrás decidiram que as coisas seriam como eles quisessem, ao arrepio do que a própria Igreja havia determinado. A maioria de nós não havia nascido quando as arbitrariedades começaram. O bom nome do Concílio Vaticano II é usado como pretexto para tantas coisas... Eu não vivi aquela época, mas ouço as histórias. Eu tenho 30 anos e ainda não consegui entender essa fórmula mágica que diz conciliar uma autêntica vida católica e uma tendência quase viciosa de atenuar o espírito de sadia obediência que devemos ter com a Igreja. Diz-se que devemos nos adaptar para melhor acolher. Mas ora... façamos uma séria meditação sobre isso. Será que o Magistério da Igreja é tão pobre de assistência divina que deva merecer, em suas próprias determinações, o socorro dos leigos (e até mesmo de padres e bispos) por meio do descumprimento destas mesmas determinações? Eu tenho sérias dúvidas de que Deus se alegre com isso, pra dizer o mínimo. Até porque é uma coisa de dar nó na cabeça. Deveríamos trabalhar na unidade da Igreja. Isso vale pra tudo. Com relação à doutrina, nem se fala! Mas alguns querem fazer o casamento do casal impossível: fidelidade e desobediência. Estas pessoas estão por aí, circulando como pessoas de muita boa vontade nos meios eclesiais, com seus livros publicados, ainda aclamados como exemplos. Nossos predecessores, filhos e netos, hão de se perguntar no futuro como pudemos tolerar algumas coisas.
Nos círculos mais esclarecidos, coisa rara hoje em dia, fala-se com acerto (com um suave tom de brincadeira) que a principal regra litúrgica é a seguinte: leia-se o preto, faça-se o vermelho. Calma, eu vou explicar. O roteiro da Missa está pronto a mais de 40 anos. Entretanto, ouve-se muito nas equipes de liturgia as expressões “montar a Missa”, “preparar a Liturgia”. Não deixa de ter uma certa graça ouvir tais coisas. Não sou de todo contra essas expressões em si, pois a celebração da Santa Missa exige a distribuição de tarefas, a disposição de objetos etc. É que tais expressões dão a entender que a Missa seria como um papel em branco sobre o qual temos que criar alguma coisa. Voltando ao preto e vermelho. No Missal, as palavras do sacerdote e as respostas do povo estão em letras pretas. As rubricas, isto é, as orientações sobre o que fazer durante a Missa (para onde ir, o que pegar, a quem falar etc.) estão em vermelho. Portanto, a celebração da Missa exige, no mínimo, isto: que se diga o que se determinou dizer, que se faça o que se determinou fazer. Isso é o papel da autoridade da Igreja. Isso não é capricho da Igreja. É, meus amigos, esse é o grande problema de nossos tempos: alguns de vocês podem achar que tem nas mãos a Chave do Futuro, a Pedra Filosofal que incide um facho de luz sobre a verdade das coisas. E, tendo nas mãos esta imaginária preciosidade, dizem: “Saia da frente, Igreja! Fique onde está e abra espaço para mim!”. Que cada um faça seu próprio exame de consciência.

Continua...

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