(Dirigido especialmente aos jovens da PJ de Santos)
Ok, é tanta coisa... o assunto renderia seminários inteiros,
de vários dias... Vem à minha lembrança Dom David Picão. Certa vez, no Cefas,
ele presidiu uma Missa durante um evento da PJ, eu estava participando. Alguém
teve a "feliz" idéia de trocar
as leituras do dia (não me recordo se foi só 1 ou todas) por outras,
também bíblicas. Foi o que bastou... parte da homília do bispo foi dedicada a
tentar entender porque "raios" tinham tido aquela "feliz"
idéia. Nós, jovens, silenciosos como túmulos, olhávamos uns para os outros,
rezando para que o Creio chegasse depressa :) . Que Deus acolha a alma de Dom
David em sua glória. Mas enfim gente... objetivamente, mas bem objetivamente
mesmo: a Santa Missa não é lugar para experimentações. Infelizmente, isso virou
quase um esporte nos meios eclesiais. Recentemente, meteram uma carroça de bois
na procissão de entrada de uma Missa realizada numa entidade muito conhecida
por todos nós. A inconveniência disso é tão evidente que fico dividido entre a
preguiça e o constrangimento ao ter que apontar tais fatos. Mas há quem não
veja nada demais. Eu fico tentando buscar uma teoria que possa explicar este
certo entorpecimento na percepção da realidade, particularmente aquela que diz
respeito ao nosso santo culto. É tão óbvio... Nascemos e crescemos dentro deste
estado de coisas. Alguns lá atrás decidiram que as coisas seriam como eles
quisessem, ao arrepio do que a própria Igreja havia determinado. A maioria de
nós não havia nascido quando as arbitrariedades começaram. O bom nome do
Concílio Vaticano II é usado como pretexto para tantas coisas... Eu não vivi
aquela época, mas ouço as histórias. Eu tenho 30 anos e ainda não consegui
entender essa fórmula mágica que diz conciliar uma autêntica vida católica e
uma tendência quase viciosa de atenuar o espírito de sadia obediência que
devemos ter com a Igreja. Diz-se que devemos nos adaptar para melhor acolher.
Mas ora... façamos uma séria meditação sobre isso. Será que o Magistério da
Igreja é tão pobre de assistência divina que deva merecer, em suas próprias
determinações, o socorro dos leigos (e até mesmo de padres e bispos) por meio
do descumprimento destas mesmas determinações? Eu tenho sérias dúvidas de que
Deus se alegre com isso, pra dizer o mínimo. Até porque é uma coisa de dar nó
na cabeça. Deveríamos trabalhar na unidade da Igreja. Isso vale pra tudo. Com
relação à doutrina, nem se fala! Mas alguns querem fazer o casamento do casal
impossível: fidelidade e desobediência. Estas pessoas estão por aí, circulando
como pessoas de muita boa vontade nos meios eclesiais, com seus livros
publicados, ainda aclamados como exemplos. Nossos predecessores, filhos e
netos, hão de se perguntar no futuro como pudemos tolerar algumas coisas.
Nos círculos mais esclarecidos, coisa rara hoje em dia,
fala-se com acerto (com um suave tom de brincadeira) que a principal regra
litúrgica é a seguinte: leia-se o preto, faça-se o vermelho. Calma, eu vou
explicar. O roteiro da Missa está pronto a mais de 40 anos. Entretanto, ouve-se
muito nas equipes de liturgia as expressões “montar a Missa”, “preparar a
Liturgia”. Não deixa de ter uma certa graça ouvir tais coisas. Não sou de todo
contra essas expressões em si, pois a celebração da Santa Missa exige a
distribuição de tarefas, a disposição de objetos etc. É que tais expressões dão
a entender que a Missa seria como um papel em branco sobre o qual temos que
criar alguma coisa. Voltando ao preto e vermelho. No Missal, as palavras do
sacerdote e as respostas do povo estão em letras pretas. As rubricas, isto é, as
orientações sobre o que fazer durante a Missa (para onde ir, o que pegar, a
quem falar etc.) estão em vermelho. Portanto, a celebração da Missa exige, no
mínimo, isto: que se diga o que se determinou dizer, que se faça o que se
determinou fazer. Isso é o papel da autoridade da Igreja. Isso não é capricho
da Igreja. É, meus amigos, esse é o grande problema de nossos tempos: alguns de
vocês podem achar que tem nas mãos a Chave do Futuro, a Pedra Filosofal que
incide um facho de luz sobre a verdade das coisas. E, tendo nas mãos esta
imaginária preciosidade, dizem: “Saia da frente, Igreja! Fique onde está e abra
espaço para mim!”. Que cada um faça seu próprio exame de consciência.
Continua...
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