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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Legitimidade e legalidade da união homossexual - debate em outro blog (parte 1)

Por José Renato Leal

Bom, meus amigos. Segue abaixo um debate que travei no excelente blog Deus lo Vult. O assunto é a legitimidade e legalidade da união homossexual. Decidi transformar a conversa numa postagem no meu blog pois lamentei que o que foi dito lá ficasse perdido no meio de novas postagens e conversas, queria que minha participação lá pudesse também render algum fruto aqui. 

O que escrevi lá no blog está em preto
As palavras de meu oponente estão em azul. Por questão de ética, troquei o nome dele por "Fulano".
Observações posteriores acrescentadas por mim, em vermelho.

POSTAGEM 1

Fulano, a Igreja é contra a equiparação do matrimônio a união homossexual, mesmo na esfera legal. Não pode haver dois discursos. Embora César tenha suas próprias atribuições, ele está ordenado à Lei Natural.
Devemos reconhecer que não há acordo entre nós. Você está de um lado e eu, de outro. É assim mesmo. O que é inaceitável é que se dê qualidades ao outro que não correspondem ao discurso do mesmo.
É exatamente o que você está fazendo ao citar Jean Wyllys (pressupondo que ele realmente tenha dito aquilo). [Fulano havia citado uma suposta fala do deputado Jean Wyllys, na qual chamava católicos de “genocidas”) .Não vou pedir para que você prove que os que pregam a doutrina católica sobre o assunto sejam potenciais genocidas, vou poupá-lo do trabalho de buscar aquilo que não existe.
Vejo certa polidez em você, acredito que colheria mais frutos em seus debates se abrisse mão de rotular, sem fundamento, os católicos.

RESPOSTA À POSTAGEM 1

José Renato Leal

Não me referi “aos católicos” referi-me a vocês, católicos militantes anti gays. O que vocês pretendem é genocídio, sim. Claro como a luz divina. É o sonho de vocês o fim daquilo que não pode ter fim, a exclusão do que não pode ser excluído, a redução do “diferente” ao rés do chão.
Quanto à ordem natural de Cesar, ela é seguramente muito diferente da “ordem natural” vaticana, que nada mais é que uma ordem machista de superioridade do homem sobre a mulher.
Felizmente a ordem natural de Cesar evolui para o que é justo, que é a equiparação absoluta da igualdade de gêneros. E evolui inexoravelmente porque Cesar, hoje e felizmente, não está atacado pelo atavismo disfarçado de tradição.

Fulano

POSTAGEM 2


[Postagem de Fulano] “Não me referi “aos católicos” referi-me a vocês, católicos militantes anti gays. O que vocês pretendem é genocídio, sim. Claro como a luz divina. É o sonho de vocês o fim daquilo que não pode ter fim, a exclusão do que não pode ser excluído, a redução do “diferente” ao rés do chão.”
[Minha resposta] Fulano, não delire. Quem está pondo uma espada na minha mão é você. Usando o rotulo “genocidas”, vc está tentando sufocar a conversa criminalizando a minha fala. Isso é muito feio, Fulano. Isso não se faz. Bom, vamos lá. A união heterossexual é a normativa. Não julgo as disposições subjetivas dos homossexuais. Só reconheço, como católico, que as relações homossexuais são, por si mesmas, desordenadas. Seria bom se elas não existissem. Pensando assim, não estou defendendo uma “limpeza étnica”. Isso nunca. Apenas manifesto (muito logicamente) que seria bom que algo que considero desordenado não existisse. Dizer o contrário seria uma incoerência, uma tolice. Reconheço que a Igreja, ao defender a doutrina sobre o assunto, impõe dificuldade à agenda pró-homossexual. Os católicos não aceitam a equiparação do matrimônio com a união homossexual, como já havia dito. Isso tem como consequência não aceitar que a lei dê amparo a esta equiparação. Reconheço as tensões que isto gera. Só não reconheço e não aceito que se dê à resistência católica uma amplitude (criminosa) que ela não tem. Ninguém aqui está falando em genocídio. Não insulte a minha e nem a sua inteligência.
[Postagem de Fulano] “Quanto à ordem natural de Cesar, ela é seguramente muito diferente da “ordem natural” vaticana, que nada mais é que uma ordem machista de superioridade do homem sobre a mulher. Felizmente a ordem natural de Cesar evolui para o que é justo, que é a equiparação absoluta da igualdade de gêneros. E evolui inexoravelmente porque Cesar, hoje e felizmente, não está atacado pelo atavismo disfarçado de tradição.”
[Minha postagem] Tá, vamos lá. César é o Estado, o poder humano legitimamente constituído. Acho que temos o mesmo entendimento quanto a isto. Conforme catolicamente se entende, César, embora tenha a atribuição que lhe é própria (querida por Deus) de exercer o governo sobre (vamos chamar assim) a Cidade, não está ordenado a si mesmo, mas a uma instância superior a ele, o poder espiritual, Deus mesmo. E Deus é o autor da Lei Natural, que são aqueles princípios universais anteriores às leis humanas e dos quais estas mesmas leis tomam a sua força. Pois bem, acreditamos que a família, a união do homem e da mulher (e apenas de um homem com uma mulher) não é fruto de circunstâncias culturais etc, mas é um ordenamento estabelecido por Deus para a humanidade. Nosso Senhor disse que o homem deixará seu pai e sua mãe e se unirá a sua mulher. Não se sustenta, dentro da doutrina cristã, considerar a união homossexual como coisa normal, nem sob a desculpa de que é uma conduta disseminada.
Fulano, há mais coisas que devem ser ditas sobre a segunda parte de sua fala (vc acabou abrindo um novo tópico, fora do assunto: o suposto machismo católico), mas o sono se abate sobre mim. Recomendo a leitura do breve texto do Catecismo da Igreja Católica sobre o homossexualismo, ali está o essencial do que a Igreja pensa a respeito. Poderá ler que a Igreja estabelece que o caminho pelo qual os homossexuais devem ser recebidos é o da caridade. Ninguém aqui está falando em genocídio, acho que vc deveria pesquisar o significado desta palavra no dicionário…

Até breve
José Renato

RESPOSTA À POSTAGEM 2

José Renato Leal
“A união heterossexual é a normativa”
Foi. Não é mais.
“Só reconheço, como católico, que as relações homossexuais são, por si mesmas, desordenadas.”
Porque está no catecismo…
“Seria bom que não existisse…”
Eufemismo para “acabe com isso que existe”
“Os católicos não aceitam a equiparação do matrimônio com a união homossexual”.
Matrimônio é o casamento religioso. O que se reivindica é o casamento civil. Só os católicos conservadores e os católicos submissos são contra. Menos da metade. E submissão é diferente de obediência.
A “ordem natural” vaticana é exclusivamente criacionista e assim também a teologia vaticana. Contestável, por que não? A “ordem natural” de Cesar é evolucionista.

Tolice querermos esconder o sol com peneiras. Na origem do conflito, o que se embate são duas posições fundamentais e únicas: a lei do mais forte e a lei do mais fraco.

Qual delas é a cristã?

POSTAGEM 3

Antes de tudo… que o Senhor possa receber em sua glória as almas daqueles que morreram nesta terrível tragédia em Santa Maria/RS e que seus familiares e amigos sejam confortados.
MINHA AFIRMAÇÃO: “A união heterossexual é a normativa”

RÉPLICA: Foi. Não é mais.
TRÉPLICA: Errado, meu caro. É normativa porque é o ordenamento tão antigo quanto a humanidade, é o ordenamento dado pelo Senhor. O homem deve se unir à mulher e a mulher, ao homem, ponto final. Qualquer coisa além disso é artificial, desordenado. É irrelevante se a prática é disseminada. É irrelevante as disposições subjetivas dos sujeitos envolvidos. Na doutrina cristã é cristalina: as relações homossexuais são desordenadas EM SI MESMAS, sejam feitas por um “casal” estável, sejam feitas por um garoto de programa e seu cliente. Não é você ou a maioria de votos que determina a normatividade da união heterossexual. Nem César. César pode criar um sem-número de leis aprovando ou até mesmo incentivando o homossexualismo de todas as formas possíveis, mas o valor destas mesmas leis será apenas ilusório. César é servo da Lei Natural, e não o contrário, e permanecerá para sempre na condição de servo mesmo que assuma o personagem de senhor. FIM DA TRÉPLICA

MINHA AFIRMAÇÃO: “Só reconheço, como católico, que as relações homossexuais são, por si mesmas, desordenadas. ”
RÉPLICA: Porque está no catecismo…
TRÉPLICA: Sim, está no catecismo, que contém a doutrina católica que professo, o que me faz ser um católico. (risos) Mas entendi o que quis dizer. Você me considera alguém que crê porque “está no papel”. Existem boas razões para a não aprovação da união civil homossexual. A relação homossexual não tem complementariedade, fecundidade e, consequentemente, não é gerador de laços consanguíneos, características estas que são muito caras a nossa sociedade. Equiparando-se a união matrimonial normativa (a opinião de “César” é irrelevante) com a “união civil” homossexual, o que se está fazendo é enfraquecendo os valores constituintes daquilo que é normativo. Essa conclusão é óbvia. Uma vez que se aceita legalmente uma união que prescinde de fecundidade e não gera laços consanguíneos, qual é a mensagem que “César” está passando ao mundo: a de que tais aspectos da vida humana ou tem uma importância menor que se acreditava (relativismo) ou não tem importância nenhuma. Daí será “ladeira abaixo”. Chegará rápido o dia em que outros tipos de “relações afetivo-sexuais”, das mais aberrantes, reclamarão também o direito de equiparação. É Fulano, não há acordo. Não vou descer a detalhes, mas o próprio modo como se dá a relação homossexual – sexualmente falando – evidencia a desordem intrínseca do mesmo. A estrutura biológica do homem e da mulher está desenhada justamente para o ato sexual. O endosso legal de “César” à união civil homossexual estará passando também outra mensagem: a de que não há valores perenes ligados a união sexual normativa, ou seja, instalasse o indiferentismo e o relativismo sob a sagrada união carnal. FIM DA TRÉPLICA

MINHA AFIRMAÇÃO: “Seria bom que não existisse…”
RÉPLICA: Eufemismo para “acabe com isso que existe”
TRÉPLICA: A Igreja prega a doutrina. “Quem tiver ouvidos, ouça”, como diz Nosso Senhor. A Igreja não tem a convicção de que poderá extinguir o homossexualismo do gênero humano, a única coisa que lhe foi mandado pelo Senhor é sair pelo mundo e pregar. 
Não vou insistir na questão do “genocídio”. Seria humilde de sua parte reconhecer que os católicos não estão defendendo uma guerra de extermínio. Isso simplesmente não existe. Mostre-me uma só, uma só declaração falada ou escrita de algum católico ou grupo de católicos defendendo a erradicação do homossexualismo por meio da perseguição e morte. Se existir, tomarei a liberdade de censurar este(s) católico(s) publicamente. Não seja baixo, Fulano. Estamos defendendo princípios. FIM DA TRÉPLICA 

Continuo mais tarde…

[continua]

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