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quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Choque de valores

Por José Renato Leal

Um lamentável episódio ocorreu em Curitiba/PR. Membros do Instituto Plínio Correia de Oliveira (IPCO) protestavam pacificamente contra a legalização da união homossexual (e outros assuntos atuais candentes) quando um grupo de ativistas favoráveis a ações afirmativas pró-homossexuais - e simpatizantes - avançaram contra eles, desferindo muitas ofensas e impondo-se de tal forma que inviabilizou a manifestação do IPCO. 

A ação destes ativistas é condenável, primeiramente, pela ausência de provocação prévia da outra parte (o IPCO) e pela desproporção na forma de se manifestar. Mas vamos levantar outros pontos. 

A Igreja não deveria se resignar, reconhecendo que a legalização da união homossexual busca apenas dar amparo legal a uma situação já amplamente disseminada? A resposta é não, pelas seguintes razões: 

1) A doutrina católica tradicionalmente entende que o que é bom e verdadeiro para o indivíduo o é também para a sociedade. Os critérios morais válidos para a pessoa, individualmente, são válidos também para a coletividade. 

2) A lei deve ser a expressão da razão que busca o bem, e não simplesmente a vontade da maioria. A lei não deve ser um balaio de gatos que deva comportar, sem critério, todo e qualquer anseio de uma maioria ou minoria. 

3) A verdadeira liberdade está fundada na verdade, e não na consciência individual. (“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”). Embora tenhamos livre-arbítrio para fazer isto ou aquilo, a liberdade está direcionada à busca daquilo que é bom e verdadeiro. O erro não tem direitos. 

Portanto, seria muito incoerente se a Igreja defendesse na esfera legal o que não defende na esfera privada. Aceitar a união civil homossexual significa equipará-la a união entre homem e mulher, que é e sempre será normativo. Esta equiparação atenta contra a lei natural. E a lei natural obriga a todos, cristãos e não-cristãos. 

As leis humanas contrárias a Lei divina são vazias e estamos desobrigados de obedecer a elas. A legitimidade de uma lei não está nela mesma, mas está alicerçada em princípios que se antepõem a ela. Assim, antes que o homicídio seja apenas um crime tipificado no código penal, é um ato que repugna a natureza humana por si só. 

O que fazer numa situação como a que o IPCO enfrentou em Curitiba? Acredito que a regra geral é não ceder à violência. Devemos fortalecer nosso espírito para saber enfrentar com a serenidade de Nosso Senhor. O bom católico preza pela ordem em tudo o que faz. Quando um católico se expõe a defender publicamente uma causa tão “polêmica”, deve-se considerar o risco de reações hostis. Não nego o direito de que, em algumas situações extremas, não há alternativa senão defender-se com o uso de força e/ou acionar a Justiça.

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